16.8.06

Comandante


Brilhante - e revelador - o artigo de Leonardo Boff, publicado no sábado (12 de agosto) na página três do jornal catarinense A Notícia (http://www.an.com.br). No texto, Boff relembra de encontros com Fidel Castro, em Cuba. E confessa a influência exercida sobre o comandante quando o assunto era teologia da libertação. Aliás, o próprio Fidel convidou Boff a passar uma temporada na Ilha para falar sobre a teologia e, mais, dar cursos ao alto escalão do governo cubano. Mas o que mais impressionou na revelação de Boff é de que Fidel teria confessado que só abraçou a causa do comunismo por causa da pressão norte-americana. E ainda: se tivesse conhecido antes, teria abraçado como causa a teologia da libertação. Pois foi depois dessa aproximação com Boff que Fidel percebeu ser importantíssimo abrir o diálogo com Igreja em Cuba. A teologia da libertação foi um movimento reformista na Igreja Católica da América Latina. Ancorados numa resolução episcopal, teólogos e agentes pastorais deslancharam um grande movimento. A Igreja deveria ser reconstruída a partir de suas bases locais, enraizadas na experiência popular. Insatisfeitos com a estrutura paroquial, estes agentes preconizaram a multiplicação de pequenas comunidades de fé, denominadas "Comunidades Eclesiais de Base" (CEBs). Compensando a carência de padres, as CEBs seriam animadas por ministros leigos, apoiados por agentes do clero. Atingiram pobres, meninos e meninas de rua, prostitutas, homossexuais, índios, enfim, os excluídos. E isso não agradou nem um pouco ao Vaticano. Mas conquistou o comandante.