25.9.06

Livro


O professor e pesquisador Venício A. de Lima lançou seu novo livro "Mídia: crise política e poder no Brasil " (Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo, 2006). O livro traz uma visão geral da mídia brasileira, suas deformações históricas, sua concentração, seu papel no processo político e a crise que está levando à sua internacionalização. Aborda a relação entre mídia e política, onde analisa a cobertura da crise política, recheado de casos gerais de omissão, saliências e distorções e exemplos de coberturas específicas de veículos como Veja, Época, Jornal Nacional, O Globo e Folha de S.Paulo. O livro trata ainda da concentração da mídia brasileira e discute provocativamente a velha questão sobre qual dos dois veículos é mais importante para a formação da opinião pública no Brasil: o jornal ou a TV. Pela contundência dos debates do professor nessa área, é chover no molhado dizer que a publicação é leitura obrigatória para pesquisadores e estudantes que trabalham com o tema comunicação-política.

Pesquisas

Há uma certa histeria na mídia em tentar relativizar alguns números das pesquisas eleitorais. Por exemplo: tem sempre um porém nas notícias de todas as pesquisas que apontam vitória de Lula ainda no primeiro turno. O porém é dizer ou lembrar que o candidato Alckmin não está morto, que ainda tem chance de vencer. Nesse aspecto, ao lado da chamada principal, vem sempre o “mas...”. É preciso dizer que a vantagem de Lula está cristalizada e as pequenas variações que ocorreram nos levantamentos ficaram dentro das chamadas margens de erro. Portanto...Também é desnecessário lembrar, e o bom jornalismo deveria saber disso, que enquanto não houver votação, haverá sempre chance de o candidato A ou B vencer, seja ele quem for. Não é preciso nenhuma pesquisa para constatar isso.

12.9.06

Buzão do Bial

Está, no mínimo, hilário assistir ao JN e ver aquele buzão desgovernado atravessar o Brasil. Mais engraçado ainda é ver os apresentadores (recuso-me a falar jornalistas) de costas para um mar de gente, que nem estrela pop, para dar as chamadas do jornal. A que ponto o pseudojornalismo pode chegar! E a última do buzão é de danar. O Bial na buraqueira da BR-316, em pleno momento eleitoral, dizendo, com cara de cansado, que levou nem sei quantas horas para viajar apenas 40 quilômetros. Algumas dúvidas: por que o Bial não falou em sua "crônica" que a estrada vive essa realidade há décadas (cadê a contextualização)? Por que, no outro dia, o mesmo jornal mostrou o candidato da oposição andando na garupa de moto, pela estrada esburacada? Por que só agora, com o buzão, o jornal foi descobrir essa estrada esburacada? Antes ela era fantasma (nada que uma boa reportagem de alguma afiliada não pudesse resolver)? Será que só no Nordeste (coincidência ou não, região onde o candidato da situação contabiliza índices para lá de bons) tem estradas nessas condições? Nesse circo mambembe se não há má-intenção, há jornalismo mal feito....

4.9.06

Ele de novo

Há tempos me pergunto como alguns colunistas sobrevivem com tanta arrogância. O Diogo Mainardi, da Veja, é um deles. Às voltas com bate-bocas mesquinhos, baixos, o rapaz se esforça muito para chamar a atenção. A última dele é de fazer rir: acusou o portal IG de contratar “petistas” para escrever comentários. É verdade que o portal contratou alguns jornalistas de peso, como Paulo Henrique Amorim, Franklin Martins e Mino Carta. É verdade também que a BrasilTelecom contratou o jornalista Caio Túlio Costa para ser o diretor-presidente da companhia. E também é verdade que o ex-ministro José Dirceu tem um blog no portal (mas afinal, não é qualquer pessoa que pode fazer um blog?). Mas daí supor que o portal tenha se tornado um “ninho” do petismo, é demais para a minha cabeça. A irresponsabilidade de Mainardi é tanta que acusa, sem provas, que o governo federal teria tomado de assalto o IG, durante a gestão Luiz Gushiken. E ainda confunde alhos com bugalhos quando fala que o PT acaba de elaborar um documento em que pede uma "mudança nas leis para assegurar mais equilíbrio na cobertura da mídia eletrônica". Deve estar se referindo à tentativa de diminuir a concentração dos meios de comunicação no Brasil, suponho...O que não seria um bom negócio para alguns colunistas de plantão. Mainardi quer aparecer e, para isso, utiliza técnicas condenáveis de intimidação, achaques. Ataca pessoas e reputações e, como sempre, fica impune. Como a maioria dos comunicadores que soltam denúncias ao vento e não têm a mínima capacidade de apresentar provas para seus devaneios.

Faz e desfaz

A mídia brasileira não faz nenhuma questão de esconder sua arrogância. Quando o PT afundou no mar de lama com as denúncias contra seus caciques, lá estava a mídia fazendo profecias à Nostradamus, apontando o fim prematuro do governo Lula. Não faltaram colunistas apocalípticos insinuando que o presidente não passaria pelo teste da reeleição. Agora, cristalizadas as pesquisas de opinião que apontam vitória no petista ainda no primeiro turno, os mesmos colunistas políticos apregoam que há “afoiteza do eleitor”- como classifica a Folha de S. Paulo - na escolha do candidato. Ora, é a opinião desses colunistas a desqualificar a opinião pública. Arrogância pura. E não há a mínima autocrítica para entender que a própria mídia, em determinados momentos, pode estar errada. Na verdade a mídia brasileira, em seus moldes monopolistas, parece ainda não estar preparada para o jogo democrático.